Em Recife, nas rádios, nos bares, nas esquinas, nas casas de shows de periferia, a música que toca é o brega. Aliás, o tecnobrega. Ou melhor, as duas modalidades. E como não poderia deixar de ser, quem ouve esse tipo de música, sofre preconceito da nossa brilhante classe média, a intelectulizada, a cult. O ponto central, para esses que se acham mui inteligentes, é: não se 'misturar', isto é, não frequentar os mesmos espaços do povão, da massa, da ralé. Eles já inventaram até uma bandinha, a Faringes da Paixão, que toca, apenas pra eles mesmos, as mesmas músicas dos subúrbios. Mas é diferente, ora, ora!, o ingresso é duas vezes mais caro, e as casas que cedem o espaço, são do naipe do Bar Burbuinho ou a boate Downtown, dois locais adorados pelos pseudointelectuais de plantão.
Pois é sobre os últimos que vou tergiversar um pouco agora, traçar um pequeno perfil dos tipos mais fáceis da cidade. Fique esperto, amigo!, corra, Lola, corra, porque no geral eles nos troubam o sossêgo com suas lorotas.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa:
Pseudointelectual Los Hermanos - O pseudointelectual Los Hermanos é uma praga, está em todos os lugares, é a espécie mais fácil do gênero. Você não pode sentar num boteco e pedir, com toda gentileza, um sambinha clássico, Noel Rosa na vitrola!, que lá vem o chato:"Bota Los Hermanos aí!". Acha pouco, e ainda cantarola:"E até tem que me ver, lendo jornauuuuu, não fila do pão..." Um saco! Ou então, a bela donzela, cheia de formosura, mas histércia cantando:"Quem sabe o que é ter e perder alguém". Pense num aperreio.
Pseudointelectual 'Cena Pós-Mangue' - Para esse tipo de pseudointelectual, ou pseudo cult, como queira, só existem as bandinhas da moda de Pernambuco. Desde que Chico Science caiu nas graças da crítica e foi alçado à categoria do 'figurões' da música brasileira, que ele só enxerga o que se faz aqui. Pink Floyd? Não, não presta. Toca Eddie, please!, é o que ele diz. B. B. King? Ouxi!, que nada, deixa eu ouvir Academia da Berlinda. Bob Dylan? Pra quê?, bota China pra rolar. Um verdadeiro rebuceteio de vida.
Pseudointelectual Tropicália - Um horror, meu amigo, um horror. Os que se encaixam nesta infâme categoria são de tirar a paciência de um monge tibetano. Caetano pra lá, Gil pra cá, Mutantes acolá... Tirando três músicas clássicas de cada grande artista desses, eles não sabem mais de nada. Mesmo assim ainda ficam tagarelendo, revolução musical nisso, inovação também disso, pioneirismo naquilo. Uma agonia!
Pseudointelectual Anarquista - Esse é o tipo mais chato de pseudointectual. O falso culto é, por definição, pedante. Mas aqueles que se classificam como 'Anarquistas, o são em dobro. Eles trazem nas fuças a arrogância de quem se acha a vanguarda intelectual da humanidade, os salvadores do mundo. Coisa feia de fazer vergonha a Bakunin! É capaz de uma gazela apaixonada chamar um marmanjo desses para o cinema e ele responder:"Tá bom, eu vou. Mas a gente só decide para qual cinema ir no meio do caminho, para nos desapegarmos de qualquer deliberação autoritária..." Vôte, camarada, tô fora.
Dito isto, deixo aqui o meu pequeno estímulo: contribua você também com essa singela lista. Poderás tirar muitos ouvidos de apuros.
Pois é sobre os últimos que vou tergiversar um pouco agora, traçar um pequeno perfil dos tipos mais fáceis da cidade. Fique esperto, amigo!, corra, Lola, corra, porque no geral eles nos troubam o sossêgo com suas lorotas.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa:
Pseudointelectual Los Hermanos - O pseudointelectual Los Hermanos é uma praga, está em todos os lugares, é a espécie mais fácil do gênero. Você não pode sentar num boteco e pedir, com toda gentileza, um sambinha clássico, Noel Rosa na vitrola!, que lá vem o chato:"Bota Los Hermanos aí!". Acha pouco, e ainda cantarola:"E até tem que me ver, lendo jornauuuuu, não fila do pão..." Um saco! Ou então, a bela donzela, cheia de formosura, mas histércia cantando:"Quem sabe o que é ter e perder alguém". Pense num aperreio.
Pseudointelectual 'Cena Pós-Mangue' - Para esse tipo de pseudointelectual, ou pseudo cult, como queira, só existem as bandinhas da moda de Pernambuco. Desde que Chico Science caiu nas graças da crítica e foi alçado à categoria do 'figurões' da música brasileira, que ele só enxerga o que se faz aqui. Pink Floyd? Não, não presta. Toca Eddie, please!, é o que ele diz. B. B. King? Ouxi!, que nada, deixa eu ouvir Academia da Berlinda. Bob Dylan? Pra quê?, bota China pra rolar. Um verdadeiro rebuceteio de vida.
Pseudointelectual Tropicália - Um horror, meu amigo, um horror. Os que se encaixam nesta infâme categoria são de tirar a paciência de um monge tibetano. Caetano pra lá, Gil pra cá, Mutantes acolá... Tirando três músicas clássicas de cada grande artista desses, eles não sabem mais de nada. Mesmo assim ainda ficam tagarelendo, revolução musical nisso, inovação também disso, pioneirismo naquilo. Uma agonia!
Pseudointelectual Anarquista - Esse é o tipo mais chato de pseudointectual. O falso culto é, por definição, pedante. Mas aqueles que se classificam como 'Anarquistas, o são em dobro. Eles trazem nas fuças a arrogância de quem se acha a vanguarda intelectual da humanidade, os salvadores do mundo. Coisa feia de fazer vergonha a Bakunin! É capaz de uma gazela apaixonada chamar um marmanjo desses para o cinema e ele responder:"Tá bom, eu vou. Mas a gente só decide para qual cinema ir no meio do caminho, para nos desapegarmos de qualquer deliberação autoritária..." Vôte, camarada, tô fora.
Dito isto, deixo aqui o meu pequeno estímulo: contribua você também com essa singela lista. Poderás tirar muitos ouvidos de apuros.
8 comentários:
Vida longa ao blog! Esse texto ficou muito foda.
Kissar
Graaande Rosano, você não poderia dar definição melhor desse tipo de gente que estraga a roda de cerveja dos outros...
Castanha
Eu tenho um nervoso tão grande de pseudo qualquer coisa que só o fato de senti-los há uns 200m de mim, começo a me coçar. Não por ser extremista alucinado por determinado segmento e coisa e tal, mas é pelo recalque mesmo. Pela agonia de não ser múltiplo, pela agonia de não ser diverso, pela agonia de não ser plural. Isso acaba se tornando algo enfadonho e ao mesmo tempo triste. Talvez Deus tenha me dado braços curtos e a angustia de abraçar tudo o que ainda não consigo, pó que é nisso que acredito: O homem para fazer-se grande em existência tem que abraçar o mundo. Fazer –se limitado é burrice.
Gostei de tudo aqui.
Um beijo
Ana.
Ana, querida, compartilho de suas mesmas inquietações quanto aos pseudos. rs
Fique à vontade neste singelo e pequeno, porém aconchegante espaço.
Aqui é tudo teu. Beijón!
"Rosano Lopes Gama" retratando a classe pseudo-intelctual de HellSífilis em sua essência. Fidedígno és tu, camatadinha!
"Recuerde, la ortodoxia le está mirando con entusiasmo, cabrón."
Com perdão do Espanhol, amigo.
ruim pra caralho.
coloca uma opção em reações pra "horrível", garanto que vai ser badalada.
valeu, verdadeiro intelectual!
Agradeço as palavras sinceras, era disso que eu carecia.
Lamento, apenas, que a crítica enfurecida tenha partido da trincheira covarde do anonimato. A coragem do nome: foi só o que te faltou.
Abraços!
Postar um comentário