Acabou a pelada (pelada aqui entendida como o velho hábito, que os homens têm, de jogar futebol com seus congêneres, que fique bem claro). O sujeito, que fez uma apresentação digna de Creedence Clearwater, um dos piores futebolistas que já vestiram a camisa do glorioso Santinha ao longo de sua história, deixa o certame com a pose de um Ronaldinho Gaúcho nos tempos áureos do Barcelona. O boleiro sai com a gargante seca, ardendo em sede, capaz de beber um rio São Francisco de águas caudalosas para se saciar. Mas, se na saída ele tem como opções o tal rio de águas vultuosas (e deliciosas!), um suco de frutas bem doce, uma coca-cola ou uma cerveja gelada, daquelas bem geladas mesmo, ele, sem medo de errar, escolhe a cerveja. Depois, o ilustre atleta pode se lambusar em copos e mais copos d'água, mas escolhe primeiro a cerveja.
Novidade, é verdade, eu não disse nenhuma. O que surpreende, apenas, é o espanto da companheira de Silva, companheiro de peladas às segundas-feiras e exercedor do ofício de garçom nos demais dias da semana, ao ver a tal cena. O coitado, que pena, mal tinha bebericado o primeiro copo do precioso líquido, quando sua amada desponta no recinto, e, histérica, grita: "Já estás enchendo a cara, cabra safado?!". Cena triste, amigo, agradeça às suas divindades por não tê-la visto.
A gazela, com o dedo em riste, dizia-lhe os maiores desaforos; o mancebo, não deixava por menos: retrucava com a mesma profundidade as insolências da amada. A esta altura, todos ao redor, já formavam plateia para a briga inusitada. Ela cuspia perdigotos de ira, ele, de cevada. Ela perguntava ao norte, ele respondia ao sul. E, sabe-se lá como, os pombinhos se entendiam - ou desentediam, dado que estamos tratando da famosa dê-erre, D.R., ou mais extesamente, discussão de relacionamento, como queira.
As moças talvez não entendam o quão sagrado é ato de jogar futebol para um rapaz. Se ela apenas estivesse chateada, vá lá; mas não: tinha de ir ao encontro de seu 'hômi ' para dispara-lhe mal-dizeres às fuças. Coisa feia, moça, coisa feia. Esse tipo de coisa se faz em casa, entre quatro paredes, de preferência dentro de vossa alcova, onde o desfecho sempre fica mais perto de um final feliz. Aqui, mais uma vez, nenhuma novidade, é a velha sabedoria popular: roupa suja se lava em casa.
A discussão se estendeu tanto que o casal foi desenterrar chifres de não sei qual era geológica, coisa tão longíqua que nem mesmo um dos amigos mais íntimos do cabra lembrava. E acabou, por fim, tornando-se enfadonha e os espectadores, paulatinamente, se dispersaram. Menos eu que ficava por ali, sorrateiro, prestando atenção às mínimas moviemtações.
E foi numa dessas bisbilhotadas minuciosas que eu percebi Seu Mauro, o dono do estabelecimento etílico onde o nosso amigo trabalha, fazendo sinceros movimentos com a cabeça, em sinal de desaprovação ao que estava acontecendo. Foi quando eu cheguei mais perto, e ele, depois de suspirar, pergunta exclamativamente para si mesmo:
- Como é que eu fui botar uma trepeça dessas pra trabalhar comigo?
Aí não, moça!, ameaçar o ganha-pão do nosso rapaz já é demais! Se ele for demitido, quem há de nos servir e fazer as vezes de analista na alegria e na tristeza, na tristeza das nossas querelas amorosas?
Novidade, é verdade, eu não disse nenhuma. O que surpreende, apenas, é o espanto da companheira de Silva, companheiro de peladas às segundas-feiras e exercedor do ofício de garçom nos demais dias da semana, ao ver a tal cena. O coitado, que pena, mal tinha bebericado o primeiro copo do precioso líquido, quando sua amada desponta no recinto, e, histérica, grita: "Já estás enchendo a cara, cabra safado?!". Cena triste, amigo, agradeça às suas divindades por não tê-la visto.
A gazela, com o dedo em riste, dizia-lhe os maiores desaforos; o mancebo, não deixava por menos: retrucava com a mesma profundidade as insolências da amada. A esta altura, todos ao redor, já formavam plateia para a briga inusitada. Ela cuspia perdigotos de ira, ele, de cevada. Ela perguntava ao norte, ele respondia ao sul. E, sabe-se lá como, os pombinhos se entendiam - ou desentediam, dado que estamos tratando da famosa dê-erre, D.R., ou mais extesamente, discussão de relacionamento, como queira.
As moças talvez não entendam o quão sagrado é ato de jogar futebol para um rapaz. Se ela apenas estivesse chateada, vá lá; mas não: tinha de ir ao encontro de seu 'hômi ' para dispara-lhe mal-dizeres às fuças. Coisa feia, moça, coisa feia. Esse tipo de coisa se faz em casa, entre quatro paredes, de preferência dentro de vossa alcova, onde o desfecho sempre fica mais perto de um final feliz. Aqui, mais uma vez, nenhuma novidade, é a velha sabedoria popular: roupa suja se lava em casa.
A discussão se estendeu tanto que o casal foi desenterrar chifres de não sei qual era geológica, coisa tão longíqua que nem mesmo um dos amigos mais íntimos do cabra lembrava. E acabou, por fim, tornando-se enfadonha e os espectadores, paulatinamente, se dispersaram. Menos eu que ficava por ali, sorrateiro, prestando atenção às mínimas moviemtações.
E foi numa dessas bisbilhotadas minuciosas que eu percebi Seu Mauro, o dono do estabelecimento etílico onde o nosso amigo trabalha, fazendo sinceros movimentos com a cabeça, em sinal de desaprovação ao que estava acontecendo. Foi quando eu cheguei mais perto, e ele, depois de suspirar, pergunta exclamativamente para si mesmo:
- Como é que eu fui botar uma trepeça dessas pra trabalhar comigo?
Aí não, moça!, ameaçar o ganha-pão do nosso rapaz já é demais! Se ele for demitido, quem há de nos servir e fazer as vezes de analista na alegria e na tristeza, na tristeza das nossas querelas amorosas?
Um comentário:
Meu caro Rosano, quanta coisa e quantos detalhes numa simples rodada de discussão e cervja rsrsrsrsrsrsrsrs
Castanha
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