terça-feira, 29 de março de 2011
O Livro
Mas, com a licença da palavra, não ligo se ela lhe fere os ouvidos: foda-se! Gosto mesmo do livro, e pronto, fica por isso mesmo.
Afogo o rosto naquelas páginas amareladas. Sedento, vou iniciar mais uma releitura, e a alegria de saber a belezura que vou encontrar ali toma conta de mim: pareço um cachorro impaciente saciando sua fome.
Folheio o livro, rapidamente, da primeira à última página, de modo a projetar um vento leve nas minhas fuças. Aquilo que aspiro não é simplesmente odor de tinta e papel de uma corriqueira máquina gutemberguiana, é o perfume das palavras devidamente escolhidas e ajustadas, justapostas, trabalho ourivesco, coisa mais linda!
Agora contraio o livro contra o peito: preparo a mim e a ele para mais um sessão de rabiscos, grifos, marcações, anotações. Ou melhor: - preparo-nos para o início de nosso diálogo.
Ainda de olhos fechados imagino o contentamento do autor se soubesse desse meu namoro com a sua cria, sua obra-prima!
E, de repente, chego à conclusão: quando um leitor disseca um livro, não com os olhos atentos da leitura, mas com nariz, boca, face toda e mãos, aí sim podemos dizer: - eis a maior glória de um escriba!
domingo, 27 de março de 2011
Uma Noite Redundante
Mais uma sexta-feira, mais um começo de começo de noite. E só. Nada a mais que isso. As mesmas pessoas circulam, com as mesmas aspirações, os mesmo anseios, as mesmas lamentações, as mesmas frustrações. Nada surpreende, salvo a mesmice, o marasmo. Isso sim é que surpreende!
Chato, se você acha que é o adjetivo mais apropriado. De saco cheio, se era a expressão que você queria ouvir.
Nem a minha pequena, reparem bem, estava comigo. Aonde ela estará? Quem sabe. Queria mesmo era tê-la aqui, para esquentar suas orelhas frias com segredos de liquidificador, de centrífuga, ou batedeira. Não importa. Eis o que importa: o sussurro, o ato, a devoção. De quem se joga, mas com sinceridade.
A caminho de mais um bar, à procura de uma cerveja gelada, o maior dos prêmios, eu e Valmir caminhávamos atrás de Renato e sua namorada. Valmir graceja: "Quando um casal anda sacudindo as mãos é sinal de amor". "Se é amor, logo logo chegará um filho, um pimpolho", digo eu, pra completar a pilhéria.
Renato olha para atrás em sinal de reprovação. Mas continuo: "Vocês já imaginaram o filho de Renato? Ele, o garotinho, com três anos, em casa, ouvindo música Romântica, Allegretto Non Troppo, sai do quarto em direção à sala e diz:
'- Papai, estou sentindo um mal-estar.'
Renato, prepocupadíssimo, logo acudiria apalpando o toráx do garoto:
'- Mal-estar? Aonde, meu filho? Diga!'
E o menino responderia:
'- Na civilização, papai.'
Numa noite redundante, com mais, muito mais do mesmo, no Bar de Dona Irene (e não, minha gente, a piada caetaneana previsível não cabe aqui, pois Dona Irene não ri) o hipotético filho de Renato foi o que de melhor aconteceu.
sábado, 19 de março de 2011
Vamos Alice
Um grande Abraço
Ass: Ávaro O Bardo
Vamos Alice !
Entre as terras do pais das maravilhas.
Para encontrar o lírio violeta.
O meu presente para minha princesa.
Alice me guie entre a floresta sussurrante.
Um presente espera Liriel, a minha amante.
Para salvar nossa paixão do feiticeiro azul.
E perpetuar a paz nos campos do sul.
Toque em minha mão Alice.
E asas conceda-me.
Para entre as brumas mágicas.
Eu encontrar a rubra jóia.
Vamos Alice eu quero ver os elfos.
Ir até Valfenda encontrar o sábio eterno.
Traduzir as estrelas da noite.
Levar a salvação para a minha amante.
Alice é vasta a fantasia de suas terras.
Um presente para uma alma melancólica.
A salvação para minha certa derrota.
O elisio do artefato que me dará a vitoria.
Batize-me com pó de estrelas.
E eu voarei até elas.
Para entre os véus do universo.
Achar a salvação para meu sentimento.
Vamos Alice preciso caminhar entre estes campos.
Para encontrar o farol que salva sonhos.
Vamos Alice, pois Liriel espera.
O meu amor, sua salvação , minha presença.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Parada Carnavalesca
segunda-feira, 7 de março de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
Frances, seja bem-vinda!
Introduzo com essa passagem de Nelson, para dizer isto: eu iria começar esta crônica afirmando veementemente, por vezes melancolicamente, que eu estava solitário neste blogue. Da mesma forma, também não estaria sendo de todo coerente. Eu reavivei este espaço a pouquíssimo tempo, alegar um solidão agora seria muito precoce, talvez risível. Muito menos, fazendo isso, iria deixar mais triunfal a estréia de Frances neste endereço. Ela já o é, aliás, o será, porque a moça ainda não fez sua primeira postagem. E o seria em qualquer outra situação. Em suma: elas se bastam. As duas: Frances e sua futura estréia.
Bem me lembro, há um incerto tempo atrás, de uma das mesas de boteco que eu e outros ociólogos compartillhávamos. Neste dia, em especial, aflorando várias e alegres afinidades entre os bebentes da mesa, vi Frances dar um salto de sua cadeira, bater com força na mesa, e dizer, melhor, gritar:"Porra, por que é que eu não conheci vocês antes?!". Eis aqui o que importa dizer sobre solidão: naquele momento, Frances estabeleceu um linha: antes de nos conhecermos, depois de nos conhecermos. Antes, estávmos sozinhos; agora, não. Naquele instante, por causa daquilo que Frances disse, e somente por causa daquilo, eu me pus ditoso e jucundo; risonho e feliz. Por causa de Frances eu não me sentia solitário.
Frances, seja bem-vinda!