segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Voyeur Incomum

Voyeur incomum, estirado no chão, no chão da terra que leva uma exclamação de beleza a cada pronúncia, contemplava a dança das nuvens. Doce e lenta dramaturgia, palco das minhas fantasias. Compasso ritmado de moléculas de água condensada, que quando se precipitarem, virarão chuva, aqui ou lá. Mas, por ora, enquanto não despencam do céu, são minha distração, desenham corpos, desenham caras, desenham cenários. E me levam com elas, para bem longe. De resto, lembro apenas da inveja do mar, que se atirava violentamente contra as pedras. Voltava, se preparava, e de novo. Fazia barulho ensurdecedor. Não se conformava, frente a seu gigantismo e imponência, não ter a minha atenção. Tentava, em vão, dissuadir-me de enxergar a minha amada no espetáculo das nuvens.

Um comentário:

Renan Cabral disse...

Massa! E teu texto corre com a mesma fluidez das nuvens, sempre. Um abraço.