Um emaranhado colorido de tubos, tobogãs, escorregadores, piscinas de bola, e ela, Júlia, corria solta por dentro. Sua diversão era entrar por um lugar, sair por outro, e me pegar de surpresa. Eu do lado de fora, preocupado, gritava "Júlia, Júlia, menina, cuidado!", "Júlia, olha o batente!", "Vá com calma, Júlia, com calma!". E Júlia saía correndo, serelepe, com um sorriso estampado no rosto. Correu, correu até que esbarrou de frente com uma menina um pouco mais velha. E eu emendei, sem perder tempo:"Júlia, olhe por onde anda!". A menina que havia sofrido a trombada, ainda no chão, muito atenta ao que eu disse, levanta as sobrancelhas, aponta com o indicador, e diz:"Júlia? Júlia é o nome da minha amiga ali, ó!". A Júlia que é personagem principal desta croniqueta, que não é a Júlia a que se referiu a menina atropelada pela alegria, mas a Júlia minha irmã, já estava lá na frente, nem tinha ligado para o esbarrão de há pouco. Quando ouviu o que a garota disse, olhou para trás com olhos desafiadores, e bradou:"Júlia? Júlia é meu, é meu, é meu, é meu, é meu!". Parou, respirou, e continuou, dessa vez se afogando na piscina de bolas:"É meu, é meu, é meu, é meu..."
(Também da Série 'Te Mostro Quando Souber Ler' - Sem Cadernos)
Um comentário:
Massa! "Roubei" e tudo. Um abração!
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