A solidão é um sentimento triste. Alguns a põem reflexiva, necessária, mas inevitavelmente triste. Releio uma passagem do livro "O Óbvio Ululante", de Nelson Rodrigues, onde ele diz que iria inicar mais uma de suas Confissões com a seguinte frase: "A pior forma de solidão é a companhia de Flávio Rangel". Depois, o mesmo Nelson, pára, pensa e vê que não iria estar sendo justo fazendo isso. Afinal, sua relação com Flávio Rangel não superava uma frívola superficialidade, uma trivial troca de cumprimentos.
Introduzo com essa passagem de Nelson, para dizer isto: eu iria começar esta crônica afirmando veementemente, por vezes melancolicamente, que eu estava solitário neste blogue. Da mesma forma, também não estaria sendo de todo coerente. Eu reavivei este espaço a pouquíssimo tempo, alegar um solidão agora seria muito precoce, talvez risível. Muito menos, fazendo isso, iria deixar mais triunfal a estréia de Frances neste endereço. Ela já o é, aliás, o será, porque a moça ainda não fez sua primeira postagem. E o seria em qualquer outra situação. Em suma: elas se bastam. As duas: Frances e sua futura estréia.
Bem me lembro, há um incerto tempo atrás, de uma das mesas de boteco que eu e outros ociólogos compartillhávamos. Neste dia, em especial, aflorando várias e alegres afinidades entre os bebentes da mesa, vi Frances dar um salto de sua cadeira, bater com força na mesa, e dizer, melhor, gritar:"Porra, por que é que eu não conheci vocês antes?!". Eis aqui o que importa dizer sobre solidão: naquele momento, Frances estabeleceu um linha: antes de nos conhecermos, depois de nos conhecermos. Antes, estávmos sozinhos; agora, não. Naquele instante, por causa daquilo que Frances disse, e somente por causa daquilo, eu me pus ditoso e jucundo; risonho e feliz. Por causa de Frances eu não me sentia solitário.
Frances, seja bem-vinda!
Um comentário:
Eis que ao redor de uma multidão, me sentia só...
Eis que sozinho, em casa, num domingo, entre um trago e outro no copo de bebida, me punha a lembrar das tantas idas e vindas com os "meus"... liguei para todxs e em alguns minutos estávamos reunidos ao redor da mesa.
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