No ônibus, na cadeira da janela, meu colega de viagem interrompe."Tu gosta de ler poesia?", pergunta. Digo que sim. Ele pergunta se eu também escrevo poesia; novamente, sem muito entusiasmo, respondo que sim. Ele, Seu Adauto, como me disse, falou que também gostava de ler, mas que não tinha tempo. Comprou um livro do Drummond, "baita poeta!", mas faltou o "danado" do tempo. A rotina: acorda às 06:00, leva os filhos para a escola, retorna para casa, come, vai trabalhar, volta do trabalho, pega as crianças na escola, visita o pai adoentado, pronto, já são 22:00h. Desabada esgotado na cama. Aos finais de semana, faz bicos, sai, se der, com os filhos e com a mulher, "porque ninguém é de ferro". Aí já vem de novo a segunda, e tudo de novo. Foram trinta minutos de conversa, cansei só de ouvir Seu Adauto falando da correria que é a sua vida. Antes partir ele pergunta:"Tu também faz poesia?"."Faço.", respondo. Seu Adauto chega onde queria chegar:"Tu faz uma pra mim?". "Faço!", respondi com firmeza. Faço, faço, faço, e fiz. Eis aqui o que fiz, Seu Adauto, não é muito, mas é o que eu fiz.
Moral da história: poetar é fácil, difícil é ser gente.
2 comentários:
falou e disse :P
E eu nem me assusto mais...
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