Na casa de minha pequena, no canto da sala, num vaso trivial, mas não feio, encontrava-se um ramalhete de flores. Estas, sim, pode-se dizer de boca cheia: - eram bonitas! Mas também não deixavam de ser triviais.
Das flores, eu pouco sabia. Sabia apenas que estavam ali, e que enfeitavam um canto da sala antes inerte. Minha pequena, a todo instante, porém sem palavras, me insinuava a presença das flores. Como se quisesse que eu constatasse explicitamente, leia-se oralmente, a presença do que já era, por si só, latente. E passeava para cá, para lá, sempre na frente das flores. Buscava coisas, objetos, quase sempre sem motivo, e sempre perto das flores.
Não notar as flores, naquele momento, era não notar ela.
Na momento da despedida, com a porta quase fechada, eu me viro e digo:
- Muito bonitas as flores ali do canto da sala.
Por favor, não me apregoem Geraldos, Vandrés, ou hinos fraternos de apelos a uma revolução política.
Eu falei das flores. E apenas pra não dizer que não falei das flores.
2 comentários:
não faça isso com o coração da pequena meu caro, é mais cruel que trair a revolução do Vandré... rsrsrs
Castanha
uma ótima crônica !!!
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