Seu pai quis homenagear sua mãe. Não contente isso, quis homenagear suas tias. Até aí, nenhum problema. O problema era querer fazer issso em apenas um único nome. Podia ter feito em três ou quatro, ou, até mesmo, de outras maneiras. Mas tinha que ser em um nome. Janaína, a mãe. Neci, Cilda, Estela e Carmelita, as tias, por ordem decrescente de idade. Dessa mistura, o nome da moça: Janecildestelita.
De tudo isso, o mais impressionante era a capacidade que o pai da menina tinha em fazer contrações de nomes. Realmente impressionante!
Quando eu conheci Janecildestelita eu tinha 13 ou 14 catorzes anos, idade em que estamos ainda verdinhos, não sabemos o que queremos direito. Ela já tinha uma certa fama no interior de Pernambucano. Tocava sanfona e gaita, ao mesmo tempo, com uma habilidade incrível. Porém, o mais extraordinário era uma pessoa só, gozar de uma reputação só, mas com vários nomes.
Explico: aqueles que tinham mais afinidade com a mãe a chamavam de "Jana"; os que gostavam mais da primeira tia a apelidaram de "Necinha"; os partidários da segunda, de "Cildinha". As duas outras tias a chamavam de Jana. E assim ficava, uma pessoa, uma glória, e três nomes.
Lembrei da moça, e de sua inusitada história, porque a pouco tempo, através de notícias trazidas por minha vó, fiquei sabendo que a mulher faleceu. Morreu de pneumonia, coisa rara hoje em dia. Alguns dizem que foi maldição, olho grande, inveja. Mas deixemos isso de lado.
Como ia dizendo, lembrei da moça. Mais do que isso: lembrei de como toda a sua história me impressionava. Eu ficava boquiaberto com um nome tão grande, uma moça tão bonita, depois três nomes repartidos, um furdunço.
Mas como já foi dito, eu a conheci com 14 anos. Nessa idade, a gente ainda não tem "discernimento das coisas", como nas palavras de vovó. Não só isso, eu não sabia, por exemplo, que uma mulher impressionante, arrebatadora, dessas que deixam a gente de queixo caído, pode ter um nome curto, formado por apenas três letras e três sílabas, e se chamar Bárbara.
Apenas isso, bela e simples: Bárbara.
Um comentário:
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gostei pra caralho fuderoso esse texto ;)
Rico Santana
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