Se você imagina que ao invés de estar sentado na frente do computador, ensejando uma cena seca, sem cor, sentindo uma sensação de desperdício de tempo e vida, você poderia estar andando por aí, perambulando por um mundo imenso, talvez um momento de distração seja possível. Poder-se-ia estar agora na mesa de um bar, conversando com algum amigo, ou sozinho mesmo, se divertindo ao ver outras pessoas embriagadas; a essa hora, também, seria interessante observar o movimento das águas do rio que, ajudadas pelas águas fortes da chuva, fazem belo espetáculo. Eu poderia, quem sabe, andar até achar um pinheiro, ou um cajueiro, ou um coqueiro, ou qualquer árvore, e parar e olhar para ela, e a partir dela refletir sobre minha vida, reflexões sinceras se possível; e depois contar essas reflexões a alguns amigos íntimos, que são generosos e emprestam seu valioso tempo para ouvir minhas divagações, e depois me envaidecer um pouco com seus elogios a minha rara sensibilidade. Ou, então, ia me dedicar a lamber, e dedilhar, e penetrar, a linda bocetinha da minha amada, que eu conheço tão bem como quem conhece as próprias feridas, e faria ela gozar em urros de prazer, e depois, quase no mesmo instante, eu gozaria também, para o momento ser completo. Mas isso, nada disso, existe. Aliás, existe. Mas é - não direi apenas - fantasia. De real só a mesa, a cadeira e o computador. Que persistem. E, nossa, quanta persistência!
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