domingo, 4 de dezembro de 2011

momentos mudos

Eu te amo quando, tranquila, dormes, sem imaginar que eu vigio teu sono. Eu te amo na esquina de casa - com um sorriso leve no rosto - ao fumar o cigarro de tua marca predileta. Eu te amo na viagem de ônibus, indo, sem avisar, ao teu encontro. Eu te amo no bar em que nos conhecemos, ao tomar sozinho uma cerveja aguada. Eu te amo pela manhã, debaixo das cobertas, num sono fingido, contemplando você se arrumar. Eu te amo assistindo àquele filme. Eu te amo ao deixar cair uma lágrima, na fila do banco, porque tocou nossa música em inoportuna hora. Eu te amo arrumando a cama que ficará à espera de nós dois. Eu te amo na carta que nunca te entreguei. Eu te amo nas pequenas descobertas do mundo - a vaidade e o orgulho - de Clarice Lispector. Eu te amo longe do mar. Eu te amo no pôr do sol solitário que não dividi contigo. Eu te amo nas noites que não durmo ao teu lado. Eu te amo ao cheirar tua roupa usada. Eu te amo no silêncio da sala. Eu te amo calado, contido - em momentos mudos, mas que falam de você.

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