domingo, 27 de março de 2011

Uma Noite Redundante

Mais uma sexta-feira, mais um começo de começo de noite. E só. Nada a mais que isso. As mesmas pessoas circulam, com as mesmas aspirações, os mesmo anseios, as mesmas lamentações, as mesmas frustrações. Nada surpreende, salvo a mesmice, o marasmo. Isso sim é que surpreende!

Chato, se você acha que é o adjetivo mais apropriado. De saco cheio, se era a expressão que você queria ouvir.

Nem a minha pequena, reparem bem, estava comigo. Aonde ela estará? Quem sabe. Queria mesmo era tê-la aqui, para esquentar suas orelhas frias com segredos de liquidificador, de centrífuga, ou batedeira. Não importa. Eis o que importa: o sussurro, o ato, a devoção. De quem se joga, mas com sinceridade.

A caminho de mais um bar, à procura de uma cerveja gelada, o maior dos prêmios, eu e Valmir caminhávamos atrás de Renato e sua namorada. Valmir graceja: "Quando um casal anda sacudindo as mãos é sinal de amor". "Se é amor, logo logo chegará um filho, um pimpolho", digo eu, pra completar a pilhéria.

Renato olha para atrás em sinal de reprovação. Mas continuo: "Vocês já imaginaram o filho de Renato? Ele, o garotinho, com três anos, em casa, ouvindo música Romântica, Allegretto Non Troppo, sai do quarto em direção à sala e diz:

'- Papai, estou sentindo um mal-estar.'

Renato, prepocupadíssimo, logo acudiria apalpando o toráx do garoto:

'- Mal-estar? Aonde, meu filho? Diga!'

E o menino responderia:

'- Na civilização, papai.'

Numa noite redundante, com mais, muito mais do mesmo, no Bar de Dona Irene (e não, minha gente, a piada caetaneana previsível não cabe aqui, pois Dona Irene não ri) o hipotético filho de Renato foi o que de melhor aconteceu.

2 comentários:

Calango Albino disse...

Se Renato puser em prática o "plano bacurí", meu pai tem uma coleção de livros de monteiro lobato aqui, pra entretenimento do Ribalta jr. Ribaltinha, se preferir. Hehehehe!

Son disse...

Tpá aí uma coisa que eu queria ver: filho superdotado de renato. Tal pai, tal filho. Cara de um, cu do outro.

=)