domingo, 13 de fevereiro de 2011

Flagrantes de Mulher 3: Papel de Puta

No recinto, encharcado de ciúme e rancor, o mancebo dizia os maiores impropérios a sua companheira. Dizia, bebia, voltava, novamente a injuriava. Repetia a operação inúmeras vezes. Mas atente: não existe, querida leitora, coisa mais radiante do que uma mulher que não se subjuga, que não deixa sua moral cair, que não baixa a cabeça para homem nenhum. Ela, mui aguerrida, replicava com energia as censuras ultrajantes que lhe eram impostas. O rapagão, com uma petulância insuportável, não parava: bebia e falava, incessantemente. E foi numa dessas, escorregando na arrogância de quem acredita que o mundo gira entorno de seu pênis escroto, que ele caiu na besteira de dizer, aos berros:"És uma puta, nada mais que um puta!" A moçoila, não vacilou, respondeu-lhe, com firmeza:"O meu papel de puta eu fiz. E você, que não me comeu direito?". Sim, concordo, ele podia ter passado sem essa. No local, estupefatos e maravilhados, todos se calaram e contemplaram a pujança daquela mulher. E eu? Eu, depois dessa, também me calo. Encerro aqui esta reles croniqueta, inviável como de costume.

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