quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Histórias de Grandeza e de Miséria 3: Cigarro

Rosano, tu estás indo na contramão, meu chapa, disse-me um companheiro de trabalho. Eu, por que?, indaguei.
É esse cigarro, caramba, ninguém hoje na tua idade é fumante, analisou ele. Deixa isso pra lá, eu repliquei, enquanto tragava o king size da reflexão. Mas ele continuou: um amigo meu, bicho, gente fina da melhor qualidade, mas fumava que nem uma caipora. Era mesmo?, desdenhei. E ele, firme: Era!, só tu vendo, era um rapaz boa pinta, inteligente, safo todo, mas esse veneno começou a definhar ele aos poucos, foi emagrecende, enegrecendo os dentes, deixou até de jogar futebol. "Vôôôôte!", falei bem alto, pra ver se meu companheiro encerrava a narrativa trágica. E ele insistia, dava detalhes, contava o sofrimento dele, dos familiares, dos amigos... Até as reticências de sua fala me davam calafrios. O camarada conclui: até que morreu, tá enterrado em tal cemitério, num túmulo assim, assim e assado. A historieta era melancólica, triste. Fui acometido de uma mal estar (justo na hora da minha sesta!). Aí eu levantei, peguei um pouco de refrigerante, e lhe disse:"Dá licença, depois uma dessas só acendendo um cigarro..."
Moral da anedota: o tiro saiu pela culatra.

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