quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Histórias de Grandeza e de Miséria 2: A Força da Água
A moça sobe no ônibus, com seus pacotes à mão, e oferece o seu produto aos usuários do tranporte coletivo."Pipoca é 50!", é o que ela diz, aliás, repete. Chega junto de mim, me oferece também; reluto um pouco, mas acbado comprando as pipocas, duas para ser preciso. Senta ao meu lado, conta a sua história. Eu vivia bem, ela fala, não passava necessidade, tinha um casa bonita e grande, marido, dois filhos, sempre que podia vinha veranear no Recife, chegava no sábado, pegava a praia domingo de manhã e depois voltava. Agora estou aqui, nessa agonia. E qual a desgraça que te acometeu, mulher?, eu pergunto. Foi a força da água, ela responde, deu cheia na cidade toda, e a força da água destruiu tudo. Tudo não, corrige-se, a força da água não destruiu a fé que a gente tem em Deus. Uns instantes de silêncio. Logo após, ela levanta, respira um pouco, e sai a dizer novamente:"Pipoca é 50!". Eu desci, tomei meu rumo. Ela, foi-se embora dentro daquele monstro vermelho, lutando com a única arma que a força da água não lhe tirou.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário