domingo, 20 de fevereiro de 2011

A Chuva

O dia amanhece chuvoso, uma chuva forte e constante. Tão forte que parecia querer remover alguma mancha arraigada ao chão. Tão constante que parecia querer levá-la para longe, escorrer do solo para o rio, deste para o mar, assim como o lixo da cidade do Recife.

Mas é inútil. A água da chuva leva a si mesma e leva o que não tem força para ficar. Leva a folha da mangueira, a ponta do cigarro, dois sonhos, uma ou outra verdade. Depois que passa a chuva, muitas coisas ficam. Poderão ir na próxima remessa de água que cair do céu, mas ficam.

Eu considerei que a limpeza que a chuva faz nas ruas é igual à seleção de lembraças que o cérebro faz em nossa memória. Algumas coisas, talvez por desuso, se perdem em nossas recordações, são levadas pela água, não voltam jamais.

Eu considerei também que o que aconteceu entre mim e ela era suficientemente forte para ficar, resistir às chuvas. Ela, que nem sabe da existência desse blogue. Nem dessas lamentações em forma de crônica. Mas imaginemos que ela, por um acaso, achasse esse endereço perdido nos confins do ciberespaço.

Talvez sorrisse, se emocionasse, lembrasse dos lindos momentos que passamos juntos.

Talvez não.

2 comentários:

Iêda disse...

Que lindo Negô. Amei*_*

Cabaré Romantico disse...

Amar é mesmo um grande risco.

Um beijo,

Ana